
PSILÍTERA
OFICINA DE PSICANÁLISE E LITERATURA
Dizem que um autor deveria evitar qualquer contato com a psiquiatria e deixar aos médicos a descrição de estados patológicos. A verdade, porém, é que o escritor verdadeiramente criativo jamais obedece a essa injunção. A descrição da mente humana é, na realidade, seu campo mais legítimo; desde tempos imemoriais ele tem sido um precursor da ciência e portanto, também da psicologia científica (Freud, 1907 [1906], Gradiva).








Sandra Edler
Psicanalista, membro titular da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle e mestre e doutora em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Autora de Luto e melancolia - À sombra do espetáculo (Civilização Brasileira, 2008). Co-autora e co-organizadora de Escritos sobre psicanálise e literatura (Cia de Freud, 2009). Coordenadora do PSILÍTERA - Oficina de Psicanálise e Literatura.
Quando conclui meus estudos acadêmicos e defendi a tese de doutorado percebi que havia mergulhado profundamente na construção dos conceitos psicanalíticos e que, a partir dali, outro percurso se delineava. Vislumbrei o contexto em que Freud viveu, as influências e a intensa interlocução que manteve com autores como Sófocles, Shakespeare, Goethe e Dostoievski, entre muitos outros. A psicanálise nasceu num caldo de cultura que, além de contemplar a ciência de seu tempo, traduzia – e muito – a reflexão literária de Freud, um leitor apaixonado.
Deixei-me então envolver por essa idéia: porque não refazer o caminho? Porque não partilhar a trilha privilegiada dos poetas e escritores, do teatro antigo e moderno que estiveram presentes todo o tempo na construção da teoria e da clínica psicanalítica? Pareceu-me uma perspectiva muito atraente.
Com esse pensamento elaborei uma nova forma de estudar: em grupo, ao lado de colegas e amigos que partilham dos mesmos interesses literários e que, em paralelo ao trabalho clínico de natureza solitária, reúnem-se para ler os clássicos que fizeram parte da formação cultural freudiana. Assim nasceu o PSILÍTERA - Oficina de Psicanálise e Literatura.
Nove anos depois percebo que houve uma transformação em minha vida e em minha atividade profissional. A literatura e a escrita − antes em 2ª plano – hoje inspiram o quotidiano amalgamando a clínica e a vida num só movimento mais prazeroso e criativo.
Email: sandravilma@globo.com
José Durval Cavalcanti de Albuquerque
Psicanalista, membro titular da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle e pós-graduado em psiquiatria pela UFRJ. Autor de artigos nas revistas: International Forum (International Federation of Psychoanalytical Societies), Tempo Psicanalítico (SPID) e Trieb (Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro). Co-autor e co-organizador de Escritos sobre psicanálise e literatura (Cia de Freud, 2009). Coordenador do PSILÍTERA – Oficina de Psicanálise e Literatura.
Entrei para a Faculdade de Medicina da UFRJ fazendo parte da última turma do prédio da Praia Vermelha antes da mudança para o Fundão. Queria fazer clínica geral. No estudo da propedêutica médica, aprendi que a história do paciente, a anamnese bem colhida, era o maior trunfo para uma boa hipótese diagnóstica. É desta época que comecei a entender o valor de uma boa escuta. Esta iria dirigir o segundo passo que era o exame físico seguido de um pedido de um exame laboratorial comprobatório da hipótese diagnóstica formulada.
Ao chegar à cadeira de psiquiatria no IPUB, me dei conta que esta seria a minha especialidade. E assim foi. Emergência psiquiátrica no Hospital Phillipe Pinel com uma bolsa de estudos de dois anos fornecida pelo Ministério da Saúde. Em seguida, ambulatório no mesmo hospital durante mais três anos e ao mesmo tempo uma pós-graduação em psiquiatria na mesma UFRJ. Ao procurar análise por conta de problemas pessoais que me fustigavam, fazer a formação psicanalítica foi um pulo. O valor da escuta ganha então uma definição mais precisa.
Quanto ao meu interesse pela literatura, tem origem na minha infância: nos contadores de história e no teatro de mamulengos (marionetes). Depois o meu gosto por redações no colégio e minha aproximação com Monteiro Lobato, "Tesouro da juventude" com o "Livro dos porquês", quadrinhos, romances policiais, enfim, tudo que me caía nas mãos ou nos olhos. me entretendo. A leitura mostrou-se amante fiel e grande companheira.
Anos mais tarde, quis a Boa Sorte me unir a dois queridos colegas, Sandra Edler e Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, então amigos de um bom tempo, para uma empreitada divertida: a criação de um espaço onde o nosso dia a dia profissional e o nosso amor pela literatura fosse convertido num recreio como mais um recurso prazeroso para lidarmos com a inescapável dureza de viver. Em abril de 2004, fundamos a Oficina de Psicanálise e Literatura na Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle.
Email: jdurval@unisys.com.br


Luiz Alberto Pinheiro de Freitas
Psicanalista, mestre em Drogadependência pela USAL- Buenos Aires, mestre e doutor em Psicologia Clínica pela PUC - Rio e pós-doutorado em Ciência da Literatura pela UFRJ. Co-autor de: Grupo sobre grupo (Rocco, 1987); Crise da adolescência (Rocco, 1989); Psicanálise, uma prática teorizada (Cia de Freud, 2007); Capitu (Casa da Palavra, 2008); Quem é Capitu (Nova Fronteira, 2008) e Escritos sobre psicanálise e literatura (Cia de Freud, 2009); Dicionário histórico de instituições de psicologia no Brasil (Imago, 2011). Autor de: As identificações na obra de Freud (SPID, 1997); Freud e Machado de Assis - uma interseção entre psicanálise e literatura (Mauad, 2001) e Adolescência, família e drogas - a função paterna e a questão dos limites (Mauad, 2002).
A literatura surgiu, ainda quando criança, através dos Contos da Carochinha lidos por minha avó Lavínia. Tornei-me um dependente de histórias de fadas, antes mesmo de saber ler. Percebendo meu interesse, minha mãe me deu vários livros de Monteiro Lobato. Inicialmente, velhos alfarrábios escritos em ortografia antiga já antiga e já bastante manuseados pela família dos Pinheiros, sendo a coleçao completa com o passar do tempo.
Em 1957, quando cursava o ginasial no Colégio Pedro II, passei a me interessar pela literatura machadiana. Muitos livros, da velha biblioteca do consultório dentário de meu avô, vieram às minhas mãos. Dentre eles, havia um exemplar de Yaiá Garcia, ainda com Y, e, após tê-lo lido, fui procurar outros, encontrando também, Histórias sem data, Papéis avulsos e Dom Casmurro.
Com os passar dos anos as questões do microrrealismo psicológico machadiano levaram-me à psicologia, à psicanálise e, em 1997, ao doutorado em Psicologia Clínica na PUC - Rio, onde defendi a tese: Freud e Machado de Assis: uma interseção entre psicanálise e literatura, posteriormente, publicada pela editora Mauad, em 2001. A tese, através de um encontro entre a psicanálise de Sigmund Freud (1856-1939) e os personagens da segunda fase de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), pretendeu fazer psicanálise em extensão, ou seja, interpretar as produções que se dão cultura desconsiderando qualquer relação entre curso associativo e atenção flutuante -, enriquecendo assim a obra literária ao produzir novas possibilidades de sentido. Os estudos machadianos prosseguiram através de um pós-doutorado na Faculdade de Letras da UFRJ sobre: A questão da traição feminina nos contos de Machado de Assis.
Em 2004, Sandra Edler e José Durval Albuquerque convidaram-me a participar de um recém criado grupo sobre psicanálise e literatura. Acolhi a idéia com grande satisfação, todavia, compromissos profissionais só me permitiram a entrada três meses, após. O grupo evoluiu, publicou, bem como ganhou certa notoriedade, transformando-se, de forma independente, em 2013, no Psilítera - Oficina de Literatura e Psicanálise.
Email: pfreitas@unisys.com.br
Membros
ADELINA HELENA FONSECA LIMA PINHEIRO DE FREITAS – Professora, psicanalista, mestre em Psicologia Social pela UFRJ, doutora em Teoria Psicanalítica pela UFRJ e pós-doutorada em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Co-autora de Escritos sobre literatura e psicanálise (Cia de Freud, 2009). Autora de ensaios nas revistas: Saúde, sexo e educação (IBMR) e Tempo Psicanalítico (SPID).
Email: adefrei@yahoo.com
ANA MARIA LIMA – Jornalista e pós-graduada em Comunicação Pública e Empresarial – UNISUL-SC.
Email: contato@anamarialima.com.br
CAROLYN JULIE HOGGARTH – Química e tradutora.
Email: carolyn.hoggarth@gmail.com
EDITH SARMENTO DUTRA – Professora e mestre em Literatura Grega – UFRJ.
Email: titina.sarmento@gmail.com
ELAINE DE ALMEIDA FERREIRA – Psicóloga e pós-graduada em Psicossomática – UGF.
Email: elaineferreira5417@gmail.com
ELY CARDOSO MÜLLER – Psicanalista e pós-graduada em Psicologia Jurídica pela UERJ. Autora de Eros e Psiquê (SPID).
Email: Ely.muller@uol.com.br
JASON PRADO – Jornalista e pós-graduado em Comunicação Social pela UFRJ. Editor dos Cadernos de leituras compartilhadas.
Email: jasonprado@mc.com
LÍDIA ACCIOLY – Médica.
Email: lidiaaccioly@gmail.com
MARIA TERESA GOMES TEIXEIRA – Professora, psicanalista e mestre em Psicanálise pela UERJ.
Email: mtgt@uol.com.br
MARINA RODRIGO OTÁVIO HERMETO - Psicanalista e pós-graduada em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Co-autora de Escritos sobre psicanálise e literatura (Cia de Freud, 2009).
Email: mrohermeto@gmail.com
MARUSA BASTOS DE OLIVEIRA – Psicanalista e doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Autora de Cárcere de mulheres. Diadorim editora e ensaios sobre psicanálise (www.freudeslisar.blogspot.com).
Email: marusabastos@gmail.com
MAUD VIANNA DE CASTRO - Advogada.
Email: maudvianna@gmail.com
ROSÁLIA MILSZTAJN - Psicanalista, poeta e pós-graduada em psiquiatria pela UFRJ. Autora de No azul (Imago, 1991), Itgadal, memória dos ausentes (Diadorim, 1997), Luminosidades (Sette Letras, 1999) e Aqui dentro de mim (Aeroplano, 2003).

